O tabaco é uma droga legal que tem na sua composição mais de 4 000 substâncias químicas, entre elas, i) nicotina: responsável direto pela dependência física; ii) substâncias irritantes: como o amoníaco, que provocam constrição brônquica, estimulação das glândulas secretoras da mucosa e a tosse típica do fumador; iii) agentes cancerígenos: como o alcatrão, que são potenciadores de desenvolvimento de diversos tipos de cancro; iv) monóxido de carbono: gás incolor de elevado poder tóxico que se encontra em concentrações elevadas no fumo do tabaco e tem uma grande afinidade para se combinar com a hemoglobina, diminuindo a capacidade do sangue para transportar o oxigénio.
Muitas destas substâncias existem na folha do tabaco, enquanto outras são acrescentadas pela utilização de adubos, pesticidas e fungicidas nas plantações e no processo de secagem e de cura da folha, bem como no processo de produção dos cigarros. Já reparou em tudo o que se esconde num “simples” cigarro?
O consumo de tabaco é hoje uma das principais causas de doença e de morte, sendo que muitos dos efeitos do consumo de tabaco na saúde são visíveis apenas a longo prazo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, morrem atualmente em todo o mundo, aproximadamente, 3,9 milhões de pessoas, uma em cada oito segundos, em resultado deste consumo.
Os efeitos nocivos do tabaco são cumulativos, tanto em relação ao seu consumo diário, como ao tempo de exposição. O risco é particularmente elevado se a exposição se iniciar antes dos 15 anos de idade, com especial destaque para as mulheres, uma vez que o tabaco reduz, significativamente, a proteção relativa aparentemente conferida pelos estrogénios.
Numerosos estudos realizados até hoje confirmam a associação entre o consumo de tabaco e o aparecimento de várias doenças, como sejam:
- Aparelho respiratório: cancro nos pulmões, boca, língua, garganta, infeções respiratórias, bronquite crónica (o fumo do tabaco produz uma ação irritante sobre as vias respiratórias, provoca uma maior produção da mucosidade e dificuldade em eliminá-la. A irritação contínua provoca a inflamação dos brônquios), enfisema pulmonar (as secreções dificultam a passagem do ar, originando a obstrução crónica do pulmão e graves complicações), diminuição da capacidade pulmonar (os fumadores têm menor resistência física e cansam-se mais).
- Aparelho circulatório: O tabagismo é considerado, na Carta Europeia do Coração e no Programa Regional e Nacional de Prevenção e Controlo das Doenças Cérebro Cardiovasculares, um fator de risco de doenças cérebro cardiovasculares, implicado em cerca de 50% das causas de morte evitáveis, metade das quais devidas à aterosclerose, que favorece o desenvolvimento de transtornos vasculares (exemplo: trombose e enfarte do miocárdio).
Sabe-se que o ex-fumador sem doença coronária tem um risco de ocorrência de acidentes coronários, ao fim de 10 anos de ter deixado de fumar, semelhante ao de um não fumador. Já reparou que nem tudo está perdido?
Outras consequências do consumo de tabaco são as úlceras digestivas, aparecimento de faringite e laringite, afonia e alterações do olfato, pigmentação da língua e dos dentes, disfunção das papilas gustativas, cancro de estômago. Adicionalmente, o risco de impotência sexual é aproximadamente 85% maior em fumadores masculinos do que não-fumadores. Já reparou no que está ou pode vir a perder…?
A mulher fumadora tem um risco acrescido, relativamente ao sexo masculino, decorrente do consumo de tabaco. Para além das patologias já referidas, tem menor fertilidade, menopausa mais precoce, risco agravado de osteoporose e, acima dos 35 anos e em conjugação com a pílula, risco aumentado de doença cardiovascular.
Na gravidez, o consumo regular de tabaco aumenta o risco de placenta prévia, descolamento da placenta, prematuridade, baixo peso do bebé ao nascer e mortalidade perinatal. Existe evidência sugestiva de que também possa aumentar o risco de aborto espontâneo e de gravidez ectópica. O risco diminui para níveis semelhantes aos das mulheres não fumadoras se a grávida parar de fumar antes da gravidez, ou durante o primeiro trimestre. Já reparou que pode haver vítimas inocentes do consumo alheio de tabaco?
De salientar que todo o consumo de tabaco é nocivo, quer para o fumador ativo, quer para os não fumadores expostos ao fumo ambiental.
O fumador passivo tem, assim, um risco acrescido de doença coronária aterosclerótica, favorecendo, igualmente, a ocorrência de outras doenças, nomeadamente osteoporose, doenças respiratórias e oncológicas, relacionadas com o tabaco. Existem vários estudos que demonstram os malefícios do fumador passivo o que implica estar atento a situações em que convive com pessoas que fumam. Já reparou que o fumador passivo inala o fumo, sem recurso ao filtro? Será que, realmente, não fuma?...
Deixar de fumar traz variadas vantagens físicas, monetárias, familiares, entre outras, quer imediatas, quer a longo prazo. Essas vantagens são tanto maiores quanto mais cedo se verificar o abandono do tabaco ou a sua redução:
- os fumadores que deixam de fumar vivem, em média, mais anos do que os que continuam a fumar;
- os ex-fumadores adoecem menos que os fumadores e têm uma melhor perceção da sua saúde;
- após 1 ano de abstinência, o risco de doença coronária reduz-se para metade do verificado nos fumadores que continuam a fumar;
- após 10 anos, o risco de cancro do pulmão é cerca de metade do de um fumador, havendo igualmente uma diminuição do risco de cancro em outras localizações;
- após 15 anos de abstinência, o risco de doença coronária é igual ao de um não fumador do mesmo sexo e idade;
- melhora a sua poupança (um fumador pode, facilmente, ter uma despesa mensal média superior a oitocentos euros);
- a sua pele torna-se mais macia, os dentes mais brancos, o hálito mais fresco e as roupas e cabelo sem cheiro a tabaco.
Fumar ou não fumar... Consuma(se) ou não (se) consuma! A decisão é sua!